“Um Estado totalitário
verdadeiramente eficiente seria aquele em que os chefes políticos de
um Poder Executivo todo-poderoso e seu exército de administradores
controlassem uma população de escravos que não tivessem de ser
coagidos porque amariam sua servidão. Fazer com que eles a amem é a
tarefa confiada, nos Estados totalitários de hoje, aos ministérios
de propaganda, diretores de jornais e professores”
(Aldous Huxley)
Um mundo de felicidade plena a
todos os indivíduos da sociedade global. Uma sociedade onde cada
cidadão desempenhe a função a ele designada, recebendo por isso a
recompensa previamente estipulada, o necessário para o mesmo
sobreviver e gozar de seu bem-estar. Sem questionamentos, sem
intrigas, sem trapassas, sem entraves, sem preocupações. Uma
utopia?
É difícil imaginar uma
sociedade assim. É impossível existir uma sociedade assim. Mas
somente é impossível imaginar tal sociedade porque, até o momento,
muitas pessoas ainda mantém certo senso crítico. Ainda existem
pessoas que lutam por seus direitos. Ainda existem indivíduos que se
preocupam com o bem-estar do seu semelhante. Ainda existem cidadãos!
Ainda existem cidadãos! Até quando eles vão existir? Uma
incógnita!
Aldous Huxley imaginou essa
sociedade em 1931, quando publicou a obra “Admirável mundo novo”.
Uma sociedade composta por indivíduos condicionados a aceitar
passivamente aquilo que lhes é imposto. Assim, todos os membros de
diferentes grupos sociais desempenhariam suas funções sem nenhum
tipo de questionamento, afinal, teriam sido condicionados a amar as
mesmas e sentir aversão por outras. Ou seja, uma vida plena de
“felicidade”. Temos aí nada mais nada menos, que um belo exemplo
de alienação social. No entanto, será que um dia essa sociedade
poderá se concretizar?
Ao que parece, estamos
caminhando para isso. Pode ser que as pessoas não comecem a ser
condicionadas em “bocais de fecundação artificial”, mas temos
visto, infelizmente, um condicionamento dia a dia, para que passemos
a aceitar aquilo que nos é imposto. De maneira oculta, estamos sendo
condicionados a amar a condição a nós determinada.
A busca incessante do lucro, no
sistema capitalista, levou as grandes corporações internacionais a
buscar estratégias visando promover um gigantesco grau de consumo na
sociedade, para assim, gerar lucros estrondosos para a burguesia
internacional, para os grandes detentores dos meios de produção. Na
outra ponta, os consumidores têm buscado, cada vez mais, atingir a
“felicidade plena” por meio do consumo. Afinal, somos
condicionados a sermos felizes por meio do consumo.
Estamos caminhando para um mundo
de indivíduos cada vez mais passivos, inertes, conformados,
acomodados. Para evitar isso, pode haver outra saída que não a
escolarização? Dificilmente. Na escola também se exercita a
cidadania, ou melhor, é o lugar ideal para o exercício da
cidadania. No entanto, para isso, se faz necessária a presença de
jovens abertos ao conhecimento e professores comprometidos com a
formação de cidadãos críticos, conscientes e atuantes na
sociedade. Porém nos direcionamos, cada vez mais, para uma escola
que contribui para o condicionamento do indivíduo. Ensino
tecnicista. Preparativo para o mercado de trabalho. Preparatório
para vestibular. Assim, criam-se indivíduos “felizes” com o seu
papel social. Individualistas. Sem senso de fraternidade. Sem
participação social.
Triste realidade. Não massacrem
as ciências humanas! Não deixemos que a poeira seja escondida
debaixo do tapete! Não nos deixemos ser condicionados para a
aceitação passiva daquilo que nos é imposto! Que tenhamos forças
para lutar! Que possamos discutir a sociedade na qual estamos
inseridos! Que não nos isolemos em “nosso mundo”! Que possamos
refletir, buscar soluções para os problemas que nos cercam e mudar,
positivamente, a sociedade na qual estamos inseridos. Que os cidadãos
não deixem de existir!
CRÉDITOS:
Referência Bibliográfica:
HUXLEY, Aldous. Admirável mundo novo. Tradução de Lino Vallandro, Vidal Serrano.
São Paulo: Mediafashion, 2016.
Já dizia Renato Russo em uma de suas letras
ResponderExcluir[...]
Somos os filhos da revolução
[...]
Somos o futuro da nação
[...]
E sendo o futuro da nação,quero o direito de poder expressar minhas ideologias, sejam eles de qualquer gênero;Sem ser condenado a uma "inquisição" por isso